O que é o Transtorno Bipolar? Da definição, diagnóstico, evolução, tratamento e prognóstico.

O termo Transtorno Bipolar (ou Transtorno Afetivo Bipolar) descreve um diagnóstico psiquiátrico caracterizado por fases de humor alterado que se alternam, intercalando também fases de estabilidade mental.

Neste artigo você vai conhecer os sintomas do transtorno bipolar, com links para os critérios diagnósticos de acordo com a CID10 e o DSM-5. Vamos descrever também as causas e tratamento do transtorno bipolar (TAB).

O que é o Transtorno Bipolar?

Antigamente chamado de Psicose Maníaco-Depressiva, a característica essencial do Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) é um curso clínico bem definido caracterizado pela ocorrência de um ou mais Episódios Hipomaníacos, Maníacos ou  Mistos.

Isso significa que no Transtorno Bipolar o indivíduo apresenta fases depressivas que se alternam com ao menos uma fase de hipomania ou de mania (já explico o que é hipomania e mania!).

o que é transtorno bipolar
Representação gráfica das fases de humor do Transtorno Bipolar

Chama-se Transtorno Bipolar por conta desses dois “polos”, o depressivo e o maniforme.

Uma pessoa que apresenta vários episódios depressivos ao longo da vida tem o diagnóstico de Transtorno Depressivo Recorrente – alguns autores chamam esse quadro de Depressão Unipolar.

Mas a partir do momento em que apresenta um único episódio de mania ou de hipomania o diagnóstico deve ser revisado para Transtorno Bipolar.

O uso coloquial do termo “bipolar” se popularizou, sempre usado de forma pejorativa…

Acusa-se de “bipolar” o indivíduo que muda de idéia com frequência, ou que “acorda de um jeito e no fim do dia está de outro jeito”.

Mas essa instabilidade afetiva não é o Transtorno Bipolar!

Geralmente sugere uma fragilidade emocional com alta reatividade aos estímulos ambientais. A pessoa acorda bem, se mostra eufórica ao receber boas notícias, fica irritada por conta do trânsito, nervosa com a fila no banco, briga com o namorado que demorou pra responder uma mensagem… Esse quadro é mais compatível com o diagnóstico de um Transtorno de Personalidade (por exemplo o Transtorno Borderline ou Emocionalmente Instável).

Isso porque o diagnóstico do Transtorno Bipolar requer fases de humor, que são necessariamente mais prolongadas. De acordo com o DSM-5 são no mínimo 4 dias para fases de HIPOMANIA, 7 dias para fases de MANIA e 14 dias para fases DEPRESSIVAS (já vamos explicar o que significa hipomania e mania!).

Chama-se de Transtorno Bipolar Tipo 1 quando o indivíduo apresentou ao menos um episódio de MANIA, enquanto Transtorno Bipolar Tipo 2 incluiria os demais casos (que apresentaram somente episódios de hipomania, mas nunca de mania).

No geral os portadores de Transtorno Bipolar também tiveram um ou mais Episódios Depressivos Maiores. Porém a ausência de fases depressivas não impede o diagnóstico!

Estamos apresentando uma visão das variadas doenças como categorias diagnósticas, da forma como estão descritas nos manuais de psiquiatria.

Outra forma de discutir o assunto é admitindo as alterações mentais dentro de espectros diagnósticos.

Essa forma de pensar coloca dentro do espectro bipolar tanto a Depressão Recorrente quanto o Transtorno Bipolar, incluindo suas variantes psicóticas.

Quais são os sintomas do Transtorno Bipolar?

Tanto a MANIA quanto a HIPOMANIA descrevem fases de humor elevado ou irritadiço associado a aceleração de processos psíquicos e muitas vezes motora (confira definições dos episódios hipomaníacos, maníacos, mistos e depressivos nos links descritos logo abaixo).

O que é Transtorno Bipolar
Representação gráfica das fases do Transtorno Bipolar

De forma resumida, a depressão descreve um humor rebaixado, com falta de energia, desmotivação, lentidão física/mental e tristeza.

Já a hipomania e a mania descrevem um humor elevado. A pessoa pode sentir-se mais feliz que o habitual – mas também pode sentir-se mais irritada. O pensamento está acelerado, e o paciente sente-se mais inteligente, mais articulado e mais sociável. Além disso normalmente dorme menos, mas não por insônia / dificuldade para dormir, mas por não sentir necessidade de dormir.

A diferença entre hipomania e mania é somente de intensidade dos sintomas.

Já publicamos no portal os capítulos da CID10 e do DSM-5 com as definições clínicas e critérios diagnósticos do Transtorno Afetivo Bipolar. Veja nos links abaixo:

Evolução do Transtorno Bipolar

O Transtorno Bipolar (TAB) evolui de forma recorrente com reagudizações intercalando períodos de restitutio ad integrum (com funcionamento mental absolutamente normal) tão mais prolongados quanto melhor a aderência ao tratamento medicamentoso.

Somente uma pequena parcela dos portadores evoluirá com cronificação do quadro e persistência de sintomas cognitivos mesmo nos períodos intercrises.

Com isso queremos dizer que, desde que adequadamente tratado, a vida do portador de Transtorno Bipolar é absolutamente normal.

Causas do Transtorno Bipolar

Em geral admite-se no Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) etiologia multifatorial com fator genético bastante importante já que sua herdabilidade é estimada em 40-70% a partir de estudos de concordância com gêmeos idênticos, estudos familiares e estudos de adoção (Craddock N, Jones I: Genetics of bipolar disorder. J Med Genet 1999;36:585-594).

Uma forma simples de explicar esse termo herdabilidade é imaginar dois irmãos gêmeos idênticos monozigóticos (que compartilham a mesma carga genética). Se um deles receber o diagnóstico de Transtorno Bipolar, a chance do outro também ser portador é estimada em 40-70%.

A partir desses estudos descobriu-se que a prevalência em gêmeos monozigóticos é até 3x maior que nos dizigóticos (que têm cargas genéticas iguais as de irmãos não gêmeos).

Esses números colocam o Transtorno Bipolar (TAB) como um dos transtornos com maior participação do fator genético em sua gênese.

A variação restante é explicada por fatores ambientais não compartilhados, como estresse, fatores perinatais, abuso de substâncias, eventos traumáticos e estrutura de personalidade.

No caso do Transtorno Bipolar (TAB) eventos de vida estressantes podem ter papel importante para o desencadeamento do primeiro episódio da doença, podendo participar, no mínimo, para a antecipação da manifestação da doença (Paykel ES. Life events and affective disorders. Acta Psychiatrica Scandinavica, 108:61-66 (2003)).

Qual o tratamento do Transtorno Bipolar?

O melhor tratamento associa o tratamento psiquiátrico propriamente, com medidas farmacológicas (medicações estabilizadoras de humor), sendo sempre sugerido associar psicoterapia e medidas ambientais que favoreçam um estilo de vida saudável .

Aqui entram as atividades físicas, a meditação, os cuidados com a qualidade da alimentação e especialmente do sono, além da busca pelo melhor equilíbrio entre trabalho/estresse e repouso/lazer.

Apesar de se tratar de uma doença potencialmente grave, a enorme maioria dos casos evolui de forma muito positiva com o tratamento adequado!

Para citar esse artigo pelas normas ABNT

AMADERA, Gustavo Daud. O que é o Transtorno Bipolar? KIAI.med.br, 2020. Disponível em: <https://kiai.med.br/transtorno-bipolar/>. Acesso em: 2 de jan. de 2020.

(IMPORTANTE: você só precisa trocar a data de acesso para a data real em que acessou o artigo)

(fontes: DSM-5, CID10)

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