Depressão – Diagnóstico – CID10

Apresentamos neste post o texto completo com a definição clínica e critérios diagnósticos para o Transtorno Depressivo (Depressão) de acordo com a CID10.

A Depressão vem sendo chamada por vários autores de “Mal do Século”, tendo uma prevalência ao longo da vida estimada em 15,5% no Brasil de acordo com o Ministério da Saúde.

Não existem exames complementares que permitam o diagnóstico de certeza de um transtorno depressivo. Como aprendemos logo no início da faculdade de medicina, “a clínica é soberana”. Em se tratando de transtornos mentais essa máxima se mostra ainda mais verdadeira. O diagnóstico é estabelecido a partir de detalhada e cuidadosa anamnese e em especial do exame físico especializado (exame psíquico das várias funções mentais).

São dois os principais manuais diagnósticos utilizados que permitem uma linguagem comum para fins de pesquisa em especial. A Classificação Internacional de Doenças atualmente com a 10ª Edição em vigência (CID10) e o Manual Diagnóstico e Estatístico da Associação de Psiquiatria Americana atualmente em sua 5ª Edição (DSM-V).

Os critérios diagnósticos da Depressão de acordo com o DSM-5 podem ser acessados neste link no site.

Diagnóstico de acordo com a CID-10

De acordo com CID10, nos episódios típicos de cada um dos três graus de depressão: leve, moderado ou grave, o paciente apresenta um rebaixamento do humor, redução da energia e diminuição da atividade. Existe alteração da capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração, associadas em geral à fadiga importante, mesmo após um esforço mínimo. Observam-se em geral problemas do sono e diminuição do apetite. Existe quase sempre uma diminuição da auto-estima e da autoconfiança e freqüentemente idéias de culpabilidade e ou de indignidade, mesmo nas formas leves. O humor depressivo varia pouco de dia para dia ou segundo as circunstâncias e pode se acompanhar de sintomas ditos “somáticos”, por exemplo perda de interesse ou prazer, despertar matinal precoce, várias horas antes da hora habitual de despertar, agravamento matinal da depressão, lentidão psicomotora importante, agitação, perda de apetite, perda de peso e perda da libido. O número e a gravidade dos sintomas permitem determinar três graus de um episódio depressivo: leve, moderado e grave.

No quadro leves geralmente estão presentes ao menos dois ou três dos sintomas citados anteriormente. O paciente usualmente sofre com a presença destes sintomas mas provavelmente será capaz de desempenhar a maior parte das atividades.

Nos quadro moderados geralmente estão presentes quatro ou mais dos sintomas citados anteriormente e o paciente aparentemente tem muita dificuldade para continuar a desempenhar as atividades de rotina.

Já nos quadros graves mas sem sintomas psicóticos. vários dos sintomas são marcantes e angustiantes, tipicamente a perda da auto-estima e idéias de desvalia ou culpa. As idéias e os atos suicidas são comuns e observa-se em geral uma série de sintomas “somáticos”.

Por fim existem os episódios depressivos com sintomas psicóticos associados, que correspondem á descrição de um episódio depressivo grave mas acompanhado de alucinações, idéias delirantes, de uma lentidão psicomotora ou de estupor de uma gravidade tal que todas as atividades sociais normais tornam-se impossíveis; pode existir o risco de morrer por suicídio, de desidratação ou de desnutrição. As alucinações e os delírios podem não corresponder ao caráter dominante do distúrbio afetivo.

Ainda de acordo com a CID-10 definem-se os Transtorno Depressivos Recorrentes como Transtornos caracterizados pela ocorrência repetida de episódios depressivos correspondentes à descrição de um episódio depressivo na ausência de todo antecedente de episódios independentes de exaltação de humor e de aumento de energia (mania). O transtorno pode, contudo, comportar breves episódios caracterizados por um ligeiro aumento de humor e da atividade (hipomania), sucedendo imediatamente a um episódio depressivo, e por vezes precipitados por um tratamento antidepressivo.

As formas mais graves do transtorno depressivo recorrente apresentam numerosos pontos comuns com os conceitos anteriores da depressão maníaco-depressiva, melancolia, depressão vital e depressão endógena. O primeiro episódio pode ocorrer em qualquer idade, da infância à senilidade, sendo que o início pode ser agudo ou insidioso e a duração variável de algumas semanas a alguns meses. O risco de ocorrência de um episódio maníaco não pode jamais ser completamente descartado em um paciente com um transtorno depressivo recorrente, qualquer que seja o número de episódios depressivos apresentados. Em caso de ocorrência de um episódio maníaco, o diagnóstico deve ser alterado pelo de transtorno afetivo bipolar.

Fonte: http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm