Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) – CID10

Apresentamos a definição clínica, critérios diagnósticos e comorbidades para o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) de acordo com a CID10 – código F42. Entenda o que significa TOC, quais são seus sintomas, o que são obsessões e compulsões, como se faz o diagnóstico e quais os subtipos de TOC descritos na CID10.

Aprofunde seu estudo: neste link o texto com os critérios diagnósticos para TOC do DSM-5.

O que é Transtorno Obsessivo Compulsivo?

O aspecto essencial do transtorno obsessivo compulsivo são pensamentos obsessivos ou atos compulsivos recorrentes (para ser conciso, “obsessivo” será usado subsequentemente em lugar de “obsessivo-compulsivo” quando referido a sintoma).

Pensamentos obsessivos são ideias, imagens ou impulsos que entram na mente do indivíduo repetidamente de uma forma estereotipada. Eles são quase invariavelmente angustiantes (porque são violentos ou obscenos ou simplesmente porque são percebidos como sem sentido) e o paciente usualmente tenta, sem sucesso, resistir-lhes.  Eles são, contudo, reconhecidos como pensamentos do próprio indivíduo, ainda que sejam involuntários e frequentemente repugnantes.

Atos ou rituais compulsivos são comportamentos estereotipados que se repetem muitas vezes. Eles não são em si mesmo agradáveis nem resultam na execução de tarefas inerentemente úteis. O indivíduo seguidamente os vê como prevenindo algum evento objetivamente improvável, envolvendo com assiduidade dano para o paciente ou por ele causado. Usual, embora não invariavelmente, esse comportamento é reconhecido pelo indivíduo como despropositado ou ineficaz e tentativas repetidas são feitas para resistir a ele; em casos de muito longa duração, a resistência pode ser mínima.

Sintomas autonômicos de ansiedade estão muitas vezes presentes, porém sentimentos angustiantes de tensão interna ou psíquica sem excitação autonômica óbvia são também comuns.

Há uma estreita relação entre sintomas obsessivos, particularmente pensamentos obsessivos, e depressão. Indivíduos com transtorno obsessivo-compulsivo frequentemente têm sintomas depressivos e pacientes sofrendo de transtorno depressivo recorrente (F33. —) podem desenvolver pensamentos obsessivos durante seus episódios de depressão. Em ambas as situações, aumentos ou diminuições na gravidade dos sintomas depressivos são geralmente acompanhados por mudanças paralelas na gravidade dos sintomas obsessivos.

Transtorno obsessivo-compulsivo é igualmente comum em homens e mulheres e frequentemente há aspectos anancásticos proeminentes na personalidade de base.

O início é usualmente na infância ou no começo da vida adulta.

O curso é variável e mais provavelmente crônico na ausência de sintomas depressivos significativos.

Diretrizes diagnósticas do Transtorno Obsessivo Compulsivo

Para um diagnóstico definitivo, sintomas obsessivos, atos compulsivos ou associação de sintomas obsessivo-compulsivos devem estar presentes na maioria dos dias por pelo menos duas semanas consecutivas e ser uma fonte de angústia ou de interferência com as atividades. Os sintomas obsessivos devem ter as seguintes características:

(a) eles devem ser reconhecidos como pensamentos ou impulsos do próprio indivíduo;

(b) deve haver pelo menos um pensamento ou ato que é ainda resistido, sem sucesso, ainda que possam estar presentes outros aos quais o paciente não resiste mais;

(c) o pensamento de execução do ato não deve ser em sí mesmo prazeroso (o simples alívio de tensão ou ansiedade não é, neste sentido, considerado como prazer);

(d) os pensamentos, imagens ou impulsos devem ser desagradavelmente repetitivos.

Inclui: neurose anancástica

neurose obsessiva

neurose obsessivo-compulsiva

Diagnóstico diferencial do Transtorno Obsessivo Compulsivo

A diferenciação entre transtorno obsessivo-compulsivo e um transtorno depressivo pode ser difícil porque esses dois tipos de sintomas muito frequentemente ocorrem juntos. Num episódio agudo de transtorno, a precedência deve ser dada aos sintomas que surgiram primeiro; quando ambos os tipos estão presentes mas nenhum predomina, é usualmente melhor considerar a depressão como primária, Em transtornos crônicos, deve ser dada prioridade aos sintomas que mais frequentemente persistem na ausência dos outros.

Ataques de pânico ou sintomas fóbicos leves ocasionais não são obstáculos para o diagnóstico do Transtorno Obsessivo Compulsivo. Entretanto, sintomas obsessivos que se desenvolvem na presença de esquizofrenia, síndrome de Gilles de la Tourette ou transtorno mental orgânico devem ser considerados como parte dessas condições.

Embora pensamentos obsessivos e atos compulsivos comumente coexistam, é útil ser capaz de especificar um conjunto de sintomas como predominante em alguns indivíduos, uma vez que eles podem responder a tratamentos diferentes.

F42.0 Predominantemente pensamentos obsessivos ou ruminações

Esses podem aparecer sob a forma de ideias, imagens mentais ou impulsos para agir. Eles são muito variáveis em conteúdo, mas quase sempre angustiantes para o indivíduo. Uma mulher pode ser atormentada, por exemplo, por um medo de que ela possa eventualmente ser incapaz de resistir a um impulso de matar o filho que ela ama ou pela qualidade obscena ou blasfema e estranha ao ego de uma imagem mental recorrente.

Às vezes as ideias são meramente fúteis, envolvendo um questionamento infindável e quase filosófico de alternativas imponderáveis. Esse questionamento indeciso de alternativas é um elemento importante em muitas outras ruminações obsessivas e está frequentemente associado a uma incapacidade de tomar decisões triviais mas necessárias à vida diária.

A relação entre ruminações obsessivas e depressão é particularmente estreita: um diagnóstico de transtorno obsessivo-compulsivo deve ser preferido apenas se as ruminações surgem ou persistem na ausência de um transtorno depressivo.

F42.1 Predominantemente atos compulsivos (rituais obsessivos)

A maioria dos atos compulsivos diz respeito à limpeza (particularmente lavagem de mãos), verificação repetida para se assegurar que não foi permitido que uma situação potencialmente perigosa se desenvolva ou organização e arrumação. Subjacente ao comportamento manifesto está um medo, usualmente de um perigo para o paciente ou causado por ele, e o ato ritual é uma tentativa ineficaz ou simbólica de afastar aquele perigo.

Atos rituais compulsivos podem ocupar várias horas todos os dias e às vezes estão associados à indecisão e à lentidão marcantes.

Globalmente, eles são igualmente comuns nos dois sexos, mas rituais de lavar as mãos são mais comuns em mulheres e lentidão sem repetição é mais comum em homens. _

Atos rituais compulsivos estão menos intimamente associados à depressão do que pensamentos obsessivos e são mais prontamente tratáveis por terapias comportamentais.

F42.2 Pensamentos e atos obsessivos mistos

A maioria dos indivíduos portadores do Transtorno Obsessivo Compulsivo tem elementos de ambos, pensamento obsessivo e comportamento compulsivo. Essa subcategoria deve ser usada se os dois são igualmente proeminentes, como é frequentemente o caso, mas é útil especificar apenas um se ele é claramente predominante, uma vez que pensamentos e atos podem responder a tratamentos diferentes.

F42.8 Outros transtornos obsessivo-compulsivos

F42.9 Transtorno obsessivo-compulsivo, não especificado