Transtorno do Espectro Autista (EA02) – Critérios diagnósticos do Autismo pela CID11

Texto completo do Transtorno do Espectro Autista (Autismo) de acordo com a CID11, com considerações comparativas entre a CID10, a CID10 e o DSM5.

Diferenças entre CID10, CID11 e DSM-5

A Classificação Internacional de Doenças traz algumas mudanças em sua última edição (CID11) em relação a versão anterior (CID10), conforme você pode conferir aqui no portal, iniciando pelo próprio nome da categoria.

A CID10 codificava sob o código F84 o grupo dos Transtornos Globais do Desenvolvimento, que incluía, além do Autismo infantil (F84.0), o Autismo atípico (F84.1), a Síndrome de Rett (F84.2), a Síndrome de Asperger (F84.5) entre outros:

  • F84 – Transtornos globais do desenvolvimento (TGD)
  • F84.0 – Autismo infantil
  • F84.1 – Autismo atípico
  • F84.2 – Síndrome de Rett
  • F84.3 – Outro transtorno desintegrativo da infância
  • F84.4 – Transtorno com hipercinesia associada a retardo mental e a movimentos estereotipados
  • F84.5 – Síndrome de Asperger
  • F84.8 – Outros transtornos globais do desenvolvimento
  • F84.9 – Transtornos globais não especificados do desenvolvimento

As mudanças começam pela própria nomenclatura, que na CID11 passa a ser Transtorno do Espectro Autista (TEA) sob o código 6A02. Além disso, o TEA passa a ser codificado dentro do grupo dos Transtornos do Neurodesenvolvimento, não ocorrendo mais qualquer menção direta a Síndrome de Asperger. E, por fim, a Síndrome de Rett passa a ser codificada sob o código LD90.4:

6A02 – Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)

  • 6A02.0 – Transtorno do Espectro do Autismo sem deficiência intelectual (DI) e com comprometimento leve ou ausente da linguagem funcional
  • 6A02.1 – Transtorno do Espectro do Autismo com deficiência intelectual (DI) e com comprometimento leve ou ausente da linguagem funcional
  • 6A02.2 – Transtorno do Espectro do Autismo sem deficiência intelectual (DI) e com linguagem funcional prejudicada
  • 6A02.3 – Transtorno do Espectro do Autismo com deficiência intelectual (DI) e com linguagem funcional prejudicada
  • 6A02.5 – Transtorno do Espectro do Autismo com deficiência intelectual (DI) e com ausência de linguagem funcional
  • 6A02.Y – Outro Transtorno do Espectro do Autismo especificado
  • 6A02.Z – Transtorno do Espectro do Autismo, não especificado

LD90.4 – Síndrome de Rett

Os especialistas enxergam uma aproximação com os critérios do manual da Associação de Psiquiatria Americana (DSM5). Contudo, ao contrário do DSM-5, na CID11 não se estipula que o indivíduo precisa ter um determinado número ou combinação de sintomas para o estabelecimento do diagnóstico, que fica a critério do Psiquiatria determinar.

Síndrome de Asperger?

A CID11 não menciona diretamente “Síndrome de Asperger” em seus critérios diagnósticos definidores do Transtorno do Espectro Autista. Contudo a pesquisa no sistema da OMS pelo termo “Asperger” direciona para o código 6A02.0 (Transtorno do Espectro do Autismo sem deficiência intelectual e com comprometimento leve ou ausente da linguagem funcional). As únicas duas menções expressas ao termo aparecem dentro de critérios de exclusão para dois diagnósticos distintos, Disinhibited social engagement disorder (6B45) e Reactive attachment disorder (6B44).

Ainda que não exista uma nota oficial explicando o motivo da OMS ter abandonado a nomenclatura “Síndrome de Asperger”, a mudança ocorreu após a divulgação, na década de 2010, de que o psiquiatra austríaco Hans Asperger teria sido não somente associado ao nazismo, beneficiando-se da perseguição de colegas médicos judeus, como também participado diretamente do programa de eugenia nazista através do encaminhamento de crianças portadoras de transtornos psiquiátricos para eutanásia.

Critérios diagnósticos do Transtorno do Espectro Autista de Acordo com a CID11

Descrição clínica

O transtorno do espectro autista é caracterizado por déficits persistentes na capacidade de iniciar e manter interações sociais recíprocas e na comunicação social, além de uma variedade de padrões de comportamento restritos, repetitivos e inflexíveis, interesses ou atividades que são claramente atípicos ou excessivos para a idade e contexto sociocultural do indivíduo. O início do transtorno ocorre durante o período de desenvolvimento, geralmente na primeira infância, mas os sintomas podem não se manifestar completamente até mais tarde, quando as demandas sociais excedem as capacidades limitadas. Os déficits são suficientemente graves para causar prejuízo em áreas pessoais, familiares, sociais, educacionais, ocupacionais ou outras áreas importantes de funcionamento, e geralmente são uma característica abrangente do funcionamento do indivíduo observável em todos os ambientes, embora possam variar de acordo com o contexto social, educacional ou outro. Indivíduos ao longo do espectro apresentam uma ampla gama de habilidades intelectuais e linguísticas.

Inclusões: Transtorno autista

Exclusões: Síndrome de Rett (LD90.4)

Critérios diagnósticos

Características Essenciais (Obrigatórias)

Déficits persistentes na iniciativa e manutenção da comunicação social e interações sociais recíprocas que estão fora do alcance esperado de funcionamento típico, considerando a idade e o nível de desenvolvimento intelectual do indivíduo. As manifestações específicas desses déficits variam de acordo com a idade cronológica, habilidade verbal e intelectual, e gravidade do transtorno. As manifestações podem incluir limitações nos seguintes aspectos:

  • Compreensão, interesse ou respostas inadequadas às comunicações sociais verbais ou não verbais de outros indivíduos.
  • Integração da linguagem falada com pistas não verbais típicas complementares, como contato visual, gestos, expressões faciais e linguagem corporal. Esses comportamentos não verbais também podem ser reduzidos em frequência ou intensidade.
  • Compreensão e uso da linguagem em contextos sociais, além da habilidade de iniciar e manter conversas sociais recíprocas.
  • Consciência social, levando a comportamentos que não são adequadamente modulados de acordo com o contexto social.
  • Habilidade de imaginar e responder aos sentimentos, estados emocionais e atitudes de outras pessoas.
  • Compartilhamento mútuo de interesses.
  • Habilidade de estabelecer e manter relacionamentos típicos com os pares.

Padrões persistentes restritos, repetitivos e inflexíveis de comportamento, interesses ou atividades que são claramente atípicos ou excessivos para a idade e contexto sociocultural do indivíduo. Isso pode incluir:

  • Falta de adaptabilidade a novas experiências e circunstâncias, com angústia associada, que podem ser evocadas por mudanças triviais em um ambiente familiar ou em resposta a eventos imprevistos.
  • Adesão inflexível a rotinas específicas; por exemplo, rotas geográficas familiares ou horários precisos, como horários das refeições ou transporte.
  • Adesão excessiva a regras (por exemplo, durante a brincadeira).
  • Padrões de comportamento ritualizados excessivos e persistentes (por exemplo, obsessão por alinhar ou ordenar objetos de maneira específica) que não parecem ter um propósito externo aparente.
  • Movimentos motores repetitivos e estereotipados, como movimentos de todo o corpo (por exemplo, balançar), caminhar de forma atípica (por exemplo, andar nas pontas dos pés), movimentos incomuns das mãos ou dedos e posturas. Esses comportamentos são particularmente comuns durante a primeira infância.
  • Preocupação persistente com um ou mais interesses especiais, partes de objetos ou tipos específicos de estímulos (incluindo mídia) ou um apego incomumente forte a objetos específicos (excluindo itens de conforto típicos).
  • Hipersensibilidade ou hipossensibilidade excessiva e persistente ao longo da vida a estímulos sensoriais ou interesse incomum em um estímulo sensorial, que pode incluir sons reais ou antecipados, luz, texturas (especialmente roupas e alimentos), odores e sabores, calor, frio ou dor.

O início do transtorno ocorre durante o período de desenvolvimento, geralmente na primeira infância, mas os sintomas característicos podem não se manifestar completamente até mais tarde, quando as demandas sociais excedem as capacidades limitadas.

Os sintomas resultam em prejuízo significativo nas áreas pessoal, familiar, social, educacional, ocupacional ou em outras áreas importantes de funcionamento. Alguns indivíduos com Transtorno do Espectro Autista conseguem se sair adequadamente em muitos contextos por meio de um esforço excepcional, de forma que seus déficits podem não ser aparentes para os outros. O diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista ainda é apropriado nesses casos.

Especificadores do Transtorno do Espectro do Autismo

Esses especificadores permitem a identificação de limitações coexistentes nas habilidades intelectuais e funcionais de linguagem, que são fatores importantes na individualização adequada do suporte, seleção de intervenções e planejamento de tratamento para indivíduos com Transtorno do Espectro Autista. Também é fornecido um qualificador para a perda de habilidades previamente adquiridas, que é uma característica do histórico de desenvolvimento de uma pequena proporção de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista.

Os qualificadores permitem os seguintes códigos para o diagnóstico do TEA:

  • 6A02.0 – Transtorno do Espectro do Autismo sem deficiência intelectual (DI) e com comprometimento leve ou ausente da linguagem funcional;
  • 6A02.1 – Transtorno do Espectro do Autismo com deficiência intelectual (DI) e com comprometimento leve ou ausente da linguagem funcional;
  • 6A02.2 – Transtorno do Espectro do Autismo sem deficiência intelectual (DI) e com linguagem funcional prejudicada;
  • 6A02.3 – Transtorno do Espectro do Autismo com deficiência intelectual (DI) e com linguagem funcional prejudicada;
  • 6A02.5 – Transtorno do Espectro do Autismo com deficiência intelectual (DI) e com ausência de linguagem funcional;
  • 6A02.Y – Outro Transtorno do Espectro do Autismo especificado; 6A02.Z – Transtorno do Espectro do Autismo, não especificado.

Coexistência de alterações do Desenvolvimento Intelectual

Indivíduos com Transtorno do Espectro Autista podem apresentar limitações nas habilidades intelectuais. Se presente, um diagnóstico separado de Transtorno do Desenvolvimento Intelectual deve ser atribuído, usando a categoria apropriada para designar a gravidade (ou seja, Leve, Moderado, Grave, Profundo, Provisório). Como os déficits sociais são uma característica central do Transtorno do Espectro Autista, a avaliação do comportamento adaptativo como parte do diagnóstico de um Transtorno do Desenvolvimento Intelectual coexistente deve enfatizar mais os domínios intelectuais, conceituais e práticos do funcionamento adaptativo do que as habilidades sociais.

Se não houver um diagnóstico coexistente de Transtorno do Desenvolvimento Intelectual, deve-se utilizar o qualificador “sem Transtorno do Desenvolvimento Intelectual”.

Se houver um diagnóstico coexistente de Transtorno do Desenvolvimento Intelectual, deve-se aplicar o qualificador “com Transtorno do Desenvolvimento Intelectual”.

Grau de Prejuízo Funcional da Linguagem

O grau de prejuízo na linguagem funcional (falada ou sinalizada) deve ser designado com um segundo qualificador. Linguagem funcional refere-se à capacidade do indivíduo de usar a linguagem para fins instrumentais (por exemplo, expressar necessidades e desejos pessoais). Este qualificador destina-se a refletir principalmente os déficits expressivos verbais e não verbais presentes em alguns indivíduos com Transtorno do Espectro Autista e não os déficits pragmáticos da linguagem que são uma característica central do Transtorno do Espectro Autista.

O seguinte qualificador deve ser aplicado para indicar a extensão do prejuízo na linguagem funcional (falada ou sinalizada) em relação à idade do indivíduo:

– com prejuízo leve ou ausente da linguagem funcional

– com prejuízo na linguagem funcional (ou seja, não capaz de usar mais do que palavras isoladas ou frases simples)

– com ausência completa ou quase completa da linguagem funcional

Perda de Habilidades Previamente Adquiridas

Uma pequena proporção de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista pode apresentar uma perda de habilidades previamente adquiridas. Essa regressão geralmente ocorre durante o segundo ano de vida e envolve principalmente o uso da linguagem e a capacidade de resposta social. A perda de habilidades previamente adquiridas raramente é observada após os 3 anos de idade. Se ocorrer após os 3 anos, é mais provável que envolva perda de habilidades cognitivas e adaptativas (por exemplo, controle de intestino e bexiga comprometido, sono prejudicado), regressão das habilidades linguísticas e sociais, além de aumento de perturbações emocionais e comportamentais.

Existem dois especificadores alternativos, para indicar se a perda de habilidades previamente adquiridas é um aspecto do histórico clínico, em que x corresponde ao dígito final mostrado anteriormente.

  • 6A02.x0 sem perda de habilidades previamente adquiridas
  • 6A02.x1 com perda de habilidades previamente adquiridas

Características clínicas adicionais

Apresentações comuns de sintomas do Transtorno do Espectro Autista em crianças pequenas são preocupações dos pais ou cuidadores sobre atrasos intelectuais ou outros atrasos no desenvolvimento (por exemplo, problemas na linguagem e coordenação motora). Quando não há prejuízo significativo do funcionamento intelectual, os serviços clínicos podem ser buscados apenas posteriormente (por exemplo, devido a problemas de comportamento ou sociais ao iniciar a escola). Na infância média, pode haver sintomas proeminentes de ansiedade, incluindo Transtorno de Ansiedade Social, recusa escolar e Fobia Específica. Durante a adolescência e idade adulta, os Transtornos Depressivos são frequentemente uma característica apresentada.

A coocorrência do Transtorno do Espectro Autista com outros Transtornos Mentais, Comportamentais ou Neurodesenvolvimentais é comum ao longo da vida. Em uma proporção substancial de casos, especialmente na adolescência e idade adulta, é um transtorno coocorrente que leva pela primeira vez um indivíduo com Transtorno do Espectro Autista à atenção clínica.

Dificuldades na linguagem pragmática podem se manifestar como uma compreensão excessivamente literal do discurso dos outros, fala que carece de entonação normal e tom emocional e, portanto, parece monótona, falta de consciência da adequação da escolha de linguagem em contextos sociais específicos ou precisão pedante no uso da linguagem.

Ingenuidade social, especialmente durante a adolescência, pode levar à exploração por outros, um risco que pode ser aumentado pelo uso de mídias sociais sem supervisão adequada.

Perfis de habilidades cognitivas específicas no Transtorno do Espectro Autista, medidos por avaliações padronizadas, podem apresentar padrões notáveis e incomuns de pontos fortes e fracos, altamente variáveis de indivíduo para indivíduo. Esses déficits podem afetar a aprendizagem e o funcionamento adaptativo em maior medida do que seria previsto pelos escores gerais em medidas de inteligência verbal e não verbal.

Comportamentos autolesivos (por exemplo, bater no rosto, bater com a cabeça) ocorrem com mais frequência em indivíduos com Transtorno do Desenvolvimento Intelectual coexistente.

Alguns jovens com Transtorno do Espectro Autista, especialmente aqueles com Transtorno do Desenvolvimento Intelectual coexistente, desenvolvem epilepsia ou convulsões durante a primeira infância, com um segundo aumento na prevalência durante a adolescência. Estados catatônicos também foram descritos. Vários distúrbios médicos, como Esclerose Tuberosa, anormalidades cromossômicas, incluindo Síndrome do X Frágil, Paralisia Cerebral, encefalopatias epilépticas de início precoce e Neurofibromatose estão associados ao Transtorno do Espectro Autista, com ou sem Transtorno do Desenvolvimento Intelectual coexistente. Deleções genômicas, duplicações e outras anormalidades genéticas estão sendo cada vez mais descritas em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista, algumas das quais podem ser importantes para aconselhamento genético. A exposição pré-natal ao valproato também está associada a um aumento do risco de Transtorno do Espectro Autista.

Alguns indivíduos com Transtorno do Espectro Autista são capazes de funcionar adequadamente, fazendo um esforço excepcional para compensar seus sintomas durante a infância, adolescência ou idade adulta. Esse esforço sustentado, que pode ser mais típico de mulheres afetadas, pode ter um impacto prejudicial na saúde mental e bem-estar.

Fronteira com a Normalidade (Limiar)

Habilidades de interação social

Indivíduos com desenvolvimento típico variam no ritmo e na extensão em que adquirem e dominam habilidades de interação social recíproca e comunicação social. Um diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista deve ser considerado apenas se houver desvio acentuado e persistente da faixa esperada de habilidades e comportamentos nesses domínios, levando em conta a idade, o nível de funcionamento intelectual e o contexto sociocultural do indivíduo. Alguns indivíduos podem apresentar interações sociais limitadas devido à timidez (ou seja, sentimentos de desconforto ou medo em situações novas ou com pessoas desconhecidas) ou inibição comportamental (ou seja, ser lento para se aproximar ou se “aquecer” com pessoas e situações novas). Interações sociais limitadas em crianças, adolescentes ou adultos tímidos ou inibidos comportamentalmente não são indicativas de Transtorno do Espectro Autista. A timidez é diferenciada do Transtorno do Espectro Autista por evidências de comportamentos adequados de comunicação social em situações familiares.

Habilidades de comunicação social

As crianças variam amplamente na idade em que adquirem a linguagem falada e no ritmo em que sua fala e linguagem se estabelecem firmemente. A maioria das crianças com atraso na linguagem inicial eventualmente adquire habilidades linguísticas semelhantes às de seus pares da mesma idade. Apenas o atraso na linguagem inicial não é fortemente indicativo de Transtorno do Espectro Autista, a menos que haja também evidências de motivação limitada para a comunicação social e habilidades de interação limitadas. Uma característica essencial do Transtorno do Espectro Autista é o prejuízo persistente na capacidade de entender e usar a linguagem adequadamente para a comunicação social.

Comportamentos repetitivos e estereotipados

Muitas crianças passam por fases de brincadeiras repetitivas e interesses altamente focados como parte do desenvolvimento típico. A menos que haja também evidência de prejuízo na interação social recíproca e na comunicação social, padrões de comportamento caracterizados por repetição, rotina ou interesses restritos por si só não são indicativos de Transtorno do Espectro Autista.

Características do Curso

Embora o Transtorno do Espectro Autista possa se apresentar clinicamente em todas as idades, incluindo na idade adulta, é um transtorno ao longo da vida, cujas manifestações e impacto provavelmente variam de acordo com a idade, habilidades intelectuais e linguísticas, condições coexistentes e contexto ambiental.

Comportamentos restritos e repetitivos persistem ao longo do tempo. Especificamente, comportamentos repetitivos sensoriomotores parecem ser comuns, consistentes e potencialmente graves. Durante a idade escolar e adolescência, esses comportamentos repetitivos sensoriomotores começam a diminuir em intensidade e quantidade. A insistência na mesmice, que é menos prevalente, parece se desenvolver durante a pré-escola e piorar ao longo do tempo.

Apresentações do Desenvolvimento

Infância

Alterações características podem surgir durante a infância, embora possam ser reconhecidas apenas retrospectivamente como indicativas do Transtorno do Espectro Autista. Geralmente é possível fazer o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista durante o período pré-escolar (até 4 anos), especialmente em crianças que apresentam atraso global no desenvolvimento. O estagnação das habilidades de comunicação social e linguagem e a falta de progresso em seu desenvolvimento não são incomuns. A perda de palavras iniciais e responsividade social, ou seja, uma verdadeira regressão, com início entre 1 e 2 anos, é incomum, mas significativa e raramente ocorre após o terceiro ano de vida. Nesses casos, o qualificador “com perda de habilidades previamente adquiridas” deve ser aplicado.

Pré-escola

Em crianças em idade pré-escolar, os indicadores de um diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista frequentemente incluem evitar o contato visual mútuo, resistência ao afeto físico, falta de jogo imaginativo social, linguagem com início tardio ou precoce, mas não utilizada para conversas sociais; retraimento social, preocupações obsessivas ou repetitivas e falta de interação social com os pares caracterizada por jogo paralelo ou desinteresse. Sensibilidades sensoriais a sons cotidianos ou a alimentos podem ofuscar os déficits subjacentes na comunicação social.

Idade escolar média

Em crianças com Transtorno do Espectro Autista sem um Transtorno do Desenvolvimento Intelectual, as dificuldades de ajuste social fora de casa podem não ser detectadas até a entrada na escola ou adolescência, quando os problemas de comunicação social levam ao isolamento social dos pares. Resistência em se envolver em experiências desconhecidas e reações acentuadas mesmo a mudanças mínimas nas rotinas são típicas. Além disso, o foco excessivo em detalhes, bem como a rigidez de comportamento e pensamento, podem ser significativos. Sintomas de ansiedade podem se tornar evidentes nessa fase do desenvolvimento.

Adolescência

Na adolescência, a capacidade de lidar com a crescente complexidade social nos relacionamentos entre pares, em um momento de expectativas acadêmicas cada vez mais exigentes, muitas vezes fica sobrecarregada. Em alguns indivíduos com Transtorno do Espectro Autista, os déficits subjacentes na comunicação social podem ser ofuscados pelos sintomas de Transtornos Mentais e Comportamentais coexistentes. Sintomas depressivos são frequentemente uma característica apresentada.

Idade adulta

Na idade adulta, a capacidade daqueles com Transtorno do Espectro Autista de lidar com relacionamentos sociais pode ficar cada vez mais desafiada, e a apresentação clínica pode ocorrer quando as demandas sociais sobrecarregam a capacidade de compensação. Problemas apresentados na idade adulta podem representar reações ao isolamento social ou às consequências sociais de comportamentos inadequados. Estratégias de compensação podem ser suficientes para sustentar relacionamentos diádicos, mas geralmente são inadequadas em grupos sociais. Interesses especiais e atenção concentrada podem beneficiar alguns indivíduos na educação e no emprego. Os ambientes de trabalho podem precisar ser adaptados às capacidades do indivíduo. Um primeiro diagnóstico na idade adulta pode ser precipitado por uma ruptura nos relacionamentos domésticos ou de trabalho. No Transtorno do Espectro Autista, sempre há um histórico de dificuldades na comunicação social e nos relacionamentos na primeira infância, embora isso possa ser aparente apenas retrospectivamente.

Características Relacionadas à Cultura

Existem variações culturais nas normas de comunicação social, interações sociais recíprocas, bem como interesses e atividades. Portanto, os sinais de prejuízo no funcionamento podem diferir dependendo do contexto cultural. Por exemplo, em algumas sociedades, pode ser normativo que crianças evitem o contato visual direto por deferência, o que não deve ser interpretado como prejuízo na interação social.

Características Relacionadas a Sexo e/ou Gênero

Os homens têm quatro vezes mais probabilidade do que as mulheres de serem diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista.

As mulheres diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista são diagnosticadas com mais frequência com Transtornos do Desenvolvimento Intelectual coexistentes, sugerindo que apresentações menos graves podem passar despercebidas em comparação com os homens. As mulheres tendem a demonstrar menos interesses e comportamentos restritos e repetitivos do que os homens.

Durante a infância média, as diferenças de gênero na apresentação afetam diferencialmente o funcionamento. Os meninos podem agir com agressão reativa ou outros sintomas comportamentais quando desafiados ou frustrados. As meninas tendem a se isolar socialmente e reagem com mudanças emocionais às suas dificuldades de ajuste social.

Diagnóstico Diferencial

Transtornos do Desenvolvimento Intelectual

O Transtorno do Espectro Autista pode ser diagnosticado em indivíduos com Transtornos do Desenvolvimento Intelectual se os déficits na iniciação e manutenção da comunicação social e nas interações sociais recíprocas forem maiores do que o esperado com base no nível de funcionamento intelectual do indivíduo, e se os outros requisitos diagnósticos para o Transtorno do Espectro Autista também forem atendidos. Nessas circunstâncias, tanto o Transtorno do Espectro Autista quanto o Transtorno do Desenvolvimento Intelectual devem ser diagnosticados, e o qualificador “com Transtorno do Desenvolvimento Intelectual” deve ser aplicado juntamente com o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista. Como o Transtorno do Espectro Autista envolve intrinsecamente déficits sociais, a avaliação do comportamento adaptativo como parte do diagnóstico de um Transtorno do Desenvolvimento Intelectual comórbido deve dar maior ênfase ao funcionamento intelectual e aos domínios conceituais e práticos do funcionamento adaptativo, em vez das habilidades sociais. O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista em indivíduos com Transtornos do Desenvolvimento Intelectual Severos e Profundos é particularmente difícil e requer avaliações aprofundadas e longitudinais. No entanto, o diagnóstico pode ser atribuído se as habilidades de reciprocidade social e comunicação estiverem significativamente prejudicadas em relação ao nível geral de habilidade intelectual do indivíduo.

Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem com comprometimento principalmente da linguagem pragmática

Indivíduos com Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem com comprometimento principalmente da linguagem pragmática apresentam déficits de linguagem que envolvem a capacidade de compreender e usar a linguagem em contexto social (ou seja, com comprometimento da linguagem pragmática). Ao contrário dos indivíduos com Transtorno do Espectro Autista, os indivíduos com Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem geralmente são capazes de iniciar e responder adequadamente aos sinais sociais e emocionais, compartilhar interesses com os outros e não costumam exibir comportamentos restritos, repetitivos e estereotipados. Um diagnóstico adicional de Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem não deve ser atribuído a indivíduos com Transtorno do Espectro Autista com base exclusivamente no comprometimento da linguagem pragmática. As outras formas de Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (ou seja, com comprometimento da linguagem receptiva e expressiva ou com comprometimento da linguagem receptiva e expressiva) podem ser atribuídas em conjunto com o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista se as habilidades linguísticas estiverem marcadamente abaixo do esperado com base na idade e no nível de funcionamento intelectual.

Fronteira com o Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação Motora

Indivíduos com Transtorno do Espectro Autista podem relutar em participar de tarefas que requerem habilidades complexas de coordenação motora, como esportes com bola, o que pode ser atribuído mais à falta de interesse do que a déficits específicos na coordenação motora. No entanto, o Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação Motora e o Transtorno do Espectro Autista podem coexistir, e ambos os diagnósticos podem ser atribuídos, se necessário.

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

Anormalidades específicas na atenção (por exemplo, estar excessivamente focado ou facilmente distraído), impulsividade e hiperatividade física são frequentemente observadas em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista. No entanto, indivíduos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade não apresentam os déficits persistentes na iniciação e manutenção da comunicação social e nas interações sociais recíprocas, nem os padrões persistentes restritos, repetitivos e inflexíveis de comportamento, interesses ou atividades que são as características definidoras do Transtorno do Espectro Autista. No entanto, o Transtorno do Espectro Autista e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade podem coexistir, e ambos os diagnósticos podem ser atribuídos se os requisitos diagnósticos forem atendidos para cada um. Os sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade às vezes podem predominar na apresentação clínica, de forma que alguns sintomas do Transtorno do Espectro Autista sejam menos evidentes.

Transtorno de Movimento Estereotipado

O Transtorno de Movimento Estereotipado é caracterizado por movimentos voluntários, repetitivos, estereotipados, aparentemente sem propósito (e frequentemente rítmicos) que surgem durante o período de desenvolvimento inicial. Embora tais estereotipias sejam típicas no Transtorno do Espectro Autista, se forem graves o suficiente para requerer atenção clínica adicional, por exemplo, devido a autolesão, um diagnóstico concomitante de Transtorno de Movimento Estereotipado pode ser justificado.

Esquizofrenia

O início da Esquizofrenia pode estar associado a um distanciamento social proeminente, que é precedido ou resulta em prejuízos sociais que podem se assemelhar aos déficits sociais observados no Transtorno do Espectro Autista. No entanto, ao contrário do Transtorno do Espectro Autista, o início da Esquizofrenia geralmente ocorre na adolescência ou início da vida adulta e é extremamente raro antes da puberdade. A Esquizofrenia é diferenciada com base na presença de sintomas psicóticos (por exemplo, delírios, alucinações), bem como na ausência de padrões restritos, repetitivos e inflexíveis de comportamento, interesses ou atividades durante a primeira infância, típicos do Transtorno do Espectro Autista.

Transtorno Esquizotípico

As dificuldades interpessoais observadas no Transtorno do Espectro Autista podem apresentar algumas características do Transtorno Esquizotípico, como falta de empatia com os outros e distanciamento social. No entanto, o Transtorno do Espectro Autista também se caracteriza por padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses ou atividades.

Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social)

O Transtorno de Ansiedade Social está associado a uma participação limitada na interação social devido a um medo ou ansiedade excessivos e marcantes de ser avaliado negativamente pelos outros. Geralmente, quando interagindo com pessoas conhecidas ou em situações sociais que não provocam ansiedade significativa, não há evidências de prejuízo. Indivíduos com Transtorno do Espectro Autista podem experimentar ansiedade social, mas também apresentam déficits mais difusos na iniciação e manutenção da comunicação social e nas interações sociais recíprocas do que é tipicamente observado no Transtorno de Ansiedade Social. Padrões persistentes restritos, repetitivos e inflexíveis de comportamento, interesses ou atividades não são características do Transtorno de Ansiedade Social.

Mutismo Seletivo

O Mutismo Seletivo é caracterizado pelo uso normal da linguagem e padrões de comunicação social em ambientes específicos, como em casa, mas não em outros, como na escola. No Transtorno do Espectro Autista, uma relutância em se comunicar pode ser observada em algumas circunstâncias sociais, mas déficits na iniciação e manutenção da comunicação social e nas interações sociais recíprocas, assim como padrões persistentes restritos, repetitivos e inflexíveis de comportamento, interesses ou atividades, são evidentes em todas as situações e contextos.

Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)

O Transtorno Obsessivo-Compulsivo é caracterizado por pensamentos, imagens ou impulsos/urgências repetitivos e persistentes (ou seja, obsessões) e/ou comportamentos repetitivos (ou seja, compulsões) que o indivíduo sente-se compelido a realizar em resposta a uma obsessão, seguindo regras rígidas, para reduzir a ansiedade ou obter uma sensação de “completude”. Esses sintomas podem ser difíceis de distinguir dos padrões restritos, repetitivos e inflexíveis de comportamento, interesses ou atividades que são característicos do Transtorno do Espectro Autista. Ao contrário das pessoas com Transtorno do Espectro Autista, é mais comum que indivíduos com Transtorno Obsessivo-Compulsivo resistam conscientemente a seus impulsos/urgências de realizar comportamentos compulsivos (por exemplo, realizando tarefas alternativas), embora adolescentes e adultos com Transtorno do Espectro Autista também possam tentar suprimir comportamentos específicos que percebem como socialmente indesejáveis. O Transtorno do Espectro Autista também pode ser distinguido do Transtorno Obsessivo-Compulsivo por seus déficits característicos na iniciação e manutenção da comunicação social e nas interações sociais recíprocas, que não são características do Transtorno Obsessivo-Compulsivo.

Transtorno do Vínculo Reativo

O Transtorno do Vínculo Reativo é caracterizado por comportamento emocionalmente retraído e inibido em relação aos cuidadores adultos, incluindo a falta de abordagem a uma figura de apego preferida e discriminada em busca de conforto, apoio, proteção ou nutrição. O diagnóstico do Transtorno do Vínculo Reativo requer evidências de histórico de negligência grave ou maus-tratos por parte do cuidador principal ou outras formas de privação social grave (por exemplo, certos tipos de institucionalização). Alguns indivíduos criados em condições de privação severa em instituições podem apresentar características semelhantes ao autismo, incluindo dificuldades na reciprocidade social e padrões restritos, repetitivos e inflexíveis de comportamento, interesses ou atividades. Também conhecidos como ‘quase autismo’, esses indivíduos são diferenciados daqueles com Transtorno do Espectro Autista com base em uma melhora significativa nas características semelhantes ao autismo quando a criança é colocada em um ambiente mais acolhedor. A diferenciação entre o Transtorno do Vínculo Reativo e o Transtorno do Espectro Autista é difícil quando não há evidências confiáveis de um desenvolvimento social e comunicativo íntegro antes do início do abuso ou negligência.

Transtorno do Engajamento Social Desinibido

O Transtorno do Engajamento Social Desinibido é caracterizado por abordagens sociais persistentes e indiscriminadas a adultos e pares desconhecidos, um padrão de comportamento que também pode ser observado em algumas crianças com Transtorno do Espectro Autista. O diagnóstico do Transtorno do Engajamento Social Desinibido requer evidências de histórico de negligência grave ou maus-tratos por parte do cuidador principal ou outras formas de privação social grave (por exemplo, certos tipos de institucionalização). Assim como no Transtorno do Vínculo Reativo, o Transtorno do Engajamento Social Desinibido pode estar associado a déficits generalizados na compreensão social e na comunicação social. Embora possam ocorrer, padrões restritos, repetitivos e inflexíveis de comportamento, interesses ou atividades não são características típicas do Transtorno do Engajamento Social Desinibido. Evidências de uma redução significativa dos sintomas quando a criança é colocada em um ambiente mais acolhedor sugerem que o Transtorno do Engajamento Social Desinibido é o diagnóstico apropriado.

Transtorno de Evitação/Restrição Alimentar

Indivíduos com Transtorno Alimentar de Evitação/Restrição às vezes restringem a ingestão de alimentos com base em características sensoriais, como cheiro, sabor, temperatura, textura ou aparência. Indivíduos com Transtorno do Espectro Autista também podem restringir a ingestão de certos alimentos devido às suas características sensoriais ou por aderência inflexível a rotinas específicas. No entanto, o Transtorno do Espectro Autista também é caracterizado por déficits persistentes na iniciação e manutenção da comunicação social e nas interações sociais recíprocas, além de padrões persistentes restritos, repetitivos e inflexíveis de comportamento, interesses ou atividades que não estão relacionados à alimentação. Se um padrão de alimentação restrita em um indivíduo com Transtorno do Espectro Autista causar perda de peso significativa ou outras consequências para a saúde, ou estiver especificamente associado a prejuízo funcional significativo, um diagnóstico adicional de Transtorno Alimentar de Evitação/Restrição pode ser atribuído.

Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD)

O Transtorno Opositivo-Desafiador é caracterizado por um padrão de comportamento de não conformidade, desafio e desobediência marcantes e disruptivos que não são típicos para indivíduos de idade e nível de desenvolvimento comparáveis. Indivíduos com Transtorno Opositivo-Desafiador não apresentam os déficits na comunicação social ou os padrões restritos, repetitivos e inflexíveis de comportamento, interesses ou atividades que são característicos do Transtorno do Espectro Autista. No entanto, comportamentos opositivos ou de “evitar demandas” podem ser proeminentes em algumas crianças com Transtorno do Espectro Autista, independentemente de terem ou não comprometimentos intelectuais ou linguísticos funcionais, e às vezes podem ser a característica principal em crianças em idade escolar com Transtorno do Espectro Autista. Comportamentos disruptivos com explosões agressivas também podem ser uma característica proeminente do Transtorno do Espectro Autista. Entre indivíduos com Transtorno do Espectro Autista, essas explosões geralmente estão associadas a um gatilho específico (por exemplo, uma mudança na rotina, estímulos sensoriais aversivos, ansiedade ou rigidez quando os pensamentos ou sequências comportamentais do indivíduo são interrompidos), em vez de refletir uma intenção de ser desafiador, provocativo ou malicioso, como é mais típico do Transtorno Opositivo-Desafiador.

Transtorno de Personalidade

O Transtorno de Personalidade é um distúrbio pervasivo na forma como um indivíduo experimenta e pensa sobre si mesmo, os outros e o mundo, manifestado em padrões maladaptativos de cognição, experiência emocional, expressão emocional e comportamento. Os padrões maladaptativos são relativamente inflexíveis, manifestam-se em uma variedade de situações pessoais e sociais, são relativamente estáveis ao longo do tempo e têm longa duração. Eles estão associados a problemas significativos no funcionamento psicossocial, particularmente evidentes nos relacionamentos interpessoais. As dificuldades que alguns indivíduos com Transtorno do Espectro Autista apresentam na iniciação e manutenção de relacionamentos devido às suas habilidades limitadas na comunicação social e nas interações sociais recíprocas podem se assemelhar às observadas em alguns indivíduos com Transtorno de Personalidade. No entanto, ao contrário do Transtorno do Espectro Autista, padrões persistentes restritos, repetitivos e inflexíveis de comportamento, interesses ou atividades com início na primeira infância não são características do Transtorno de Personalidade.

Tiques Primários ou Transtornos de Tique, incluindo a Síndrome de Tourette

Movimentos ou vocalizações súbitos, rápidos, não rítmicos e recorrentes ocorrem em Tiques Primários e Transtornos de Tique, o que pode se assemelhar a movimentos motores repetitivos e estereotipados no Transtorno do Espectro Autista. Ao contrário do Transtorno do Espectro Autista, os tiques em Tiques Primários e Transtornos de Tique tendem a ser menos estereotipados, geralmente são acompanhados por impulsos sensoriais premonitórios, têm uma duração mais curta, tendem a surgir mais tarde na vida e não são experimentados pelo indivíduo como calmantes.

Doenças do Sistema Nervoso e outras condições médicas classificadas em outros lugares

A perda de habilidades adquiridas anteriormente na linguagem e na comunicação social no segundo ano de vida é relatada em algumas crianças com Transtorno do Espectro Autista, mas isso raramente ocorre após os 3 anos de idade. As Doenças do Sistema Nervoso e outras condições médicas associadas a regressão (como afasia epilética adquirida ou síndrome de Landau-Kleffner, encefalite autoimune, síndrome de Rett) são diferenciadas do Transtorno do Espectro Autista com perda de habilidades anteriormente adquiridas com base em uma história precoce de desenvolvimento social e linguístico relativamente normal, bem como pelas características neurológicas características desses distúrbios que não são típicas do Transtorno do Espectro Autista.

Síndrome Neurodesenvolvimental Secundária

Características autistas podem se manifestar no contexto de condições médicas adquiridas, como encefalite. Identificar com precisão se os sintomas são secundários a outra condição médica ou representam a exacerbação de um Transtorno do Espectro Autista pré-existente pode ter implicações tanto para o manejo imediato quanto para o prognóstico. Quando os sintomas autistas são atribuíveis a outra condição médica, um diagnóstico de Síndrome Neurodesenvolvimental Secundária, em vez de Transtorno do Espectro Autista, pode ser atribuído.