Transtorno Borderline – Evolução e Prognóstico
Ao contrário do que muitos acreditam, o Transtorno Borderline parece ter evolução e prognóstico favoráveis com tendência a remissão completa ao longo do tempo.
O objetivo deste texto é trazer informações de pesquisas que acompanharam amostras grandes de portadores do quadro ao longo de vários anos.
Vou resumir duas pesquisas longitudinais bastante interessantes sobre o tema.
Se quiser aprofundar o estudo poderá seguir os links para os artigos na íntegra.
As definições clínicas e critérios diagnósticos do Transtorno Borderline já foram publicadas no portal – veja neste link a definição proposta pela CID10 e neste o texto completo incluindo os critérios diagnósticos do DSM-V.
O estudo foi publicado no American Journal of Psychiatry em 2003 por Zanarini et al, e é parte do McLean Study of Adult Development. Acompanhou 290 indivíduos com o diagnóstico Borderline e 72 indivíduos no grupo controle por um total de 6 (seis) anos.
Todos os indivíduos foram selecionados a partir de pacientes internados no Hospital McLean em Belmont (Mass.) entre 1992 e 1995. A amostra selecionada tinha entre 18 e 35 anos de idade, QI > 71 (afastando Retardo Mental) e foram descartadas comorbidades orgânicas, esquizofrenia e bipolaridade.
Após a avaliação inicial, foram submetidos a três reavaliações com intervalos de dois anos entre elas – os pesquisadores conseguiram avaliar 94% de todos os indivíduos vivos ao final do período.
No grupo dos pacientes Borderline perderam-se 26 indivíduos – 11 suicidaram-se (contra 1 do grupo controle), 3 morreram de causas naturais e 12 abandonaram o estudo (contra 8 do grupo controle).
A pesquisa indicou que a maioria dos indivíduos (73,5%) evoluíram para remissão dos sintomas no período, sendo que quase metade destes (47%) alcançaram remissão ainda nos dois primeiros anos do estudo.
Recidiva / recaída foi evidenciada em somente 5,9% dos indivíduos que conquistaram remissão.
Já este estudo publicado em 2001 no Archives General Psychiatry utilizou um período ainda maior de 10 anos de seguimento.
A amostra era composta por pacientes de 19 serviços localizados em 4 cidades, em sua maioria ambulatoriais.
Incluiu 175 pacientes com diagnóstico de Borderline, 312 com diagnóstico de Transtornos de Personalidade do Cluster C (do tipo ansioso, incluindo as dependentes, anancásticas e esquivas) e ainda 95 com diagnóstico de Transtorno Depressivo mas sem nenhum Transtorno de Personalidade.
63% dos indivíduos do grupo Borderline completaram o estudo.
As reavaliações aconteceram no 6º mês e 12º mês, depois no 2º ano e finalmente a cada 2 anos até completar o 10º ano.
Foram encontrados altos índices de remissão também – até 85% quando utilizado como critério a ausência de sintomas por período prolongado (12 meses), reforçando a evolução favorável do Transtorno Borderline.
Comparados com os dois outros grupos, a remissão dos pacientes Borderline foi mais lenta, em especial em relação aos deprimidos – já seus índices de recaída foram inferiores (somente 11% dos que alcançaram remissão).
Para citar esse artigo pelas normas ABNT
AMADERA, Gustavo Daud. Transtorno Borderline – Evolução e Prognóstico. KIAI.med.br, 2020. Disponível em: <https://kiai.med.br/transtorno-borderline-evolucao-e-prognostico/>. Acesso em: 2 de jan. de 2020.
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