Transtorno Hipercinético – Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) – CID10

Leia o texto completo incluindo a definição clínica e critérios para o diagnóstico do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), definido como Transtorno Hipercinético de acordo com a CID-10.

Siga este link para ler os critérios diagnósticos do Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH de acordo com o DSM-5.

Disponibilizamos no site também dois testes online rápidos para TDAH Déficit de Atenção e Hiperatividade – um voltado para crianças/ adolescentes e outro voltado para adultos (ambos elaborados a partir dos critérios diagnósticos do DSM-5).

Transtornos hipercinéticos

Esse grupo de transtornos descreve o Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH e é caracterizado por: início precoce; uma combinação de um comportamento hiperativo e pobremente modulado com desatenção marcante e falta de envolvimento persistente nas tarefas e conduta invasíva nas situações e persistência no tempo dessas característica de comportamento.

É pensamento geral que anormalidades constitucionais desempenham um papel crucial na gênese desses transtornos, mas o conhecimento de uma etiologia específica não existe no momento. Nos últimos anos, o termo diagnóstico “transtorno de déficit de atenção” foi usado para essas síndromes.

Não foi usado aqui porque implica num conhecimento de processos psicológicos que ainda não está disponível e sugere a inclusão de crianças ansiosas, preocupadas ou “sonhadoras” apáticas, cujos problemas são provavelmente diferentes. Entretanto, é claro que, do ponto de vista do comportamento, problemas de desatenção constituem o aspecto central dessas síndromes hipercinéticas.

Transtornos hipercinéticos sempre começam cedo no desenvolvimento (usualmente nos primeiros 5 anos de vida). Suas principais características são falta de persistência em atividades que requeiram envolvimento cognitivo e uma tendência a mudar de uma atividade para outra sem completar nenhuma, junto com uma atividade excessiva, desorganizada e mal controlada.

Esses problemas usualmente persistem através dos anos escolares e mesmo na vida adulta, mas muitos indivíduos afetados mostram uma melhora gradual na atividade e na atenção. Várias outras anormalidades podem estar associadas a esses transtornos.

Crianças hipercinéticas são assiduamente imprudentes e impulsivas, propensas a acidentes e incorrem em problemas disciplinares por infrações não premeditadas de regras (ao invés de desafio deliberado). Seus relacionamentos com adultos são, com frequência, socialmente desinibidos, com uma falta da precaução e reserva normais; elas são impopulares com outras crianças e podem se tomar isoladas. Comprometimento cognitivo é comum e atrasos específicos do desenvolvimento motor e da linguagem são desproporcionalmente frequentes.

Complicações secundárias incluem comportamento antissocial e baixa autoestima. Em consonância, há considerável sobreposição entre hipercinesia e outros padrões de comportamento destrutivo, tais como o “transtorno de conduta não socializado”. Todavia, evidências atuais favorecem a separação de um grupo no qual a hipercinesia é o problema principal.

Transtornos hipercinéticos são várias vezes mais frequentes em meninos do que em meninas. Dificuldades de leitura associadas (e/ou outros problemas escolares) são comuns.

Diretrizes diagnosticas do TDAH

As características fundamentais são atenção comprometida e hiperatividade: ambas são necessárias para o diagnóstico e devem ser evidentes em mais de uma situação (p. ex., casa, classe, clínica).

A atenção comprometida é manifestada por interromper tarefas prematuramente e por deixar atividades inacabadas. As crianças mudam frequentemente de uma atividade para outra, parecendo perder o interesse em uma tarefa porque se distraem com outras (embora estudos de laboratório geralmente não mostrem um grau inusual de distraibilidade sensorial ou perceptiva).

Esses défícits na persistência e na atenção devem ser diagnosticados apenas se forem excessivos para a idade e QI da criança. A hiperatividade implica em inquietação excessiva, em especial em situações que requerem calma relativa. Pode, dependendo da situação, envolver correr e pular ou levantar do lugar quando é esperado ficarem sentadas, loquacidade e algazarra excessivas ou inquietação e se remexer. O padrão para julgamento deve ser que a atividade e excessiva no contexto do que e esperado r.a situação e por comparação com outras crianças da mesma idade e QI. Este aspecto de comportamento é mais evidente em situações estruturadas e organizadas que necessitam de um alto grau de autocontrole de comportamento.

Os aspectos associados não são suficientes ou mesmo necessários para o diagnóstico, mas ajudam a sustentá-lo. Desinibição em relacionamentos sociais, imprudência em situações que envolvem algum perigo e zombarias impulsivas das regras sociais (como mostradas por intromissões e interrupções daè atividades dos outros, respostas prematuras a questões antes que elas tenham sido completadas ou dificuldades de esperar a sua vez) são todas características de crianças com esse transtorno.

Transtornos de aprendizado e inabilidade motora ocorrem com bastante frequência e devem ser codificados separadamente (sob F80 — F89) quando presentes; eles não devem, entretanto, ser parte do diagnóstico real do transtorno hipercinético.

Sintomas de transtorno de conduta não são critérios nem de exclusão nem de inclusão para o diagnóstico principal, mas a sua presença ou ausência constitui a base para a principal subdivisão do transtorno (ver abaixo).

Os problemas característicos de comportamento devem ter início precoce (antes da idade de 6 anos) e longa duração. Entretanto, antes da idade de entrada na escola, a hiperatividade é difícil de ser reconhecida devido à ampla variação normal; somente níveis extremos devem levar a um diagnóstico em crianças pré-escolares.

O diagnóstico de transtorno hipercinético pode ainda ser feito na vida adulta.

Os fundamentos são os mesmos, mas a atenção e a atividade devem ser julgadas com referência a normas apropriadas do desenvolvimento. Quando a hipercinesia esteve presente na infância, mas desapareceu e foi seguida por outra condição, tal como transtorno de personalidade antissocial ou abuso de substância, a condição atual, em vez da anterior, é codificada.

Diagnóstico diferencial

Transtornos mistos são comuns e transtornos invasivos do desenvolvimento têm precedência quando eles estão presentes.

Os problemas maiores no diagnóstico encontram-se na diferenciação com transtorno de conduta: quando seus critérios diagnósticos são satisfeitos, o transtorno hipercinético é diagnosticado com prioridade sobre o transtorno de conduta. Entretanto, graus mais leves de hiperatividade e desatenção são comuns no transtorno de conduta. Quando aspectos de ambos, transtorno hipercinético e de conduta, estão presentes e se a hiperatividade é invasiva e grave, “transtorno de conduta hipercinética” (F90.1) deve ser o diagnóstico.

Um problema adicional origina-se do fato de que hiperatividade e desatenção, de um tipo muito diferente daquele que é característico de um transtorno hipercinético, podem surgir como um sintoma de transtornos ansiosos ou depressivos. Assim, a inquietação que é tipicamente parte de um transtorno depressivo agitado não deve levar ao diagnóstico de transtorno hipercinético.

Igualmente, a inquietação que é com frequência parte de ansiedade grave não deve levar ao diagnóstico de um transtorno hipercinético. Se os critérios para um dos transtornos dè ansiedade (F40. F41. —, F43. — ou F93. —) são satisfeitos, isto deve ter precedência sobre o transtorno hipercinético, a menos que haja evidência, à parte a inquietação associada à ansiedade, da presença adicional de um transtorno hipercinético. Similarmente, se os critérios para um transtorno do humor (F30 — F39) são satisfeitos, um transtorno hipercinético não deve ser diagnosticado em adição, simplesmente porque a concentração está comprometida e há agitação psicomotora. O diagnóstico duplo deve ser feito somente quando os sintomas que não são simplesmente parte da perturbação de humor indicam com clareza a presença separada de um transtorno hipercinético.

O início agudo de comportamento hiperativo em uma criança em idade escolar é com maior probabilidade decorrente de algum tipo de transtorno reativo (psicogênico ou orgânico), estado maníaco, esquizofrenia ou doença neurológica (p. ex., febre reumática).

Exclui: transtornos de ansiedade (F41. — ou F93.0)

transtornos do humor (incluindo os depressivos e o transtorno bipolar (F30 — F39)

transtornos invasivos do desenvolvimento (F84. —)

esquizofrenia (F20. ~ )

F90.0 Perturbação da atividade e atenção

Há uma incerteza contínua sobre a subdivisão mais satisfatória dos transtornos hipercinéticos. Entretanto, estudos de seguimento mostram que a evolução na adolescência e na vida adulta está muito influenciada pela associação ou não à agressão, delinquência e comportamento antissocial. Em consonância, a principal subdivisão é feita de acordo com a presença ou ausência desses aspectos associados. O código usado deve ser F90.0, quando os critérios globais para transtorno hipercinético (F90, —) forem satisfeitos, mas aqueles para F91. — (transtorno de conduta) não.

Inclui: transtorno ou síndrome de déficit de atenção com hiperatividade

transtorno de déficit de atenção e hiperatividade

Exclui: transtorno hipercinético associado a transtorno de conduta (F90.1)

F90.1 Transtorno de conduta hipercinética

Esse código deve ser usado quando ambos os critérios globais, para transtorno hipercinético (F90. —) e para transtorno de conduta (F91. —) são satisfeitos.

F90.8 Outros transtornos hipercinéticos

F90.9 Transtorno hipercinético, não especificado

Essa categoria residual não é recomendada e deve ser usada somente quando há uma falta de diferenciação entre F90.0 e F90.1, mas os critérios globais para F90. ~ são preenchidos.

Inclui: reação ou síndrome hipercinética da infância ou adolescência SOE

(fonte CID10 – OMS)