Algumas envidências científicas sobre a psicobiologia da dependência química em mulheres
Apesar da menor prevalência de abuso e dependência química de substâncias feminina, as mulheres parecem ser mais vulneráveis ao desenvolvimento de dependência provavelmente devido às ações dos hormônios ovarianos (Lynch 2006).
O estrógeno, por exemplo, parece possuir um efeito estimulatório sobre a dopamina-beta-hidroxilase (Serova 2001), a enzima responsável pela metabolização da dopamina.
A progesterona já demonstrou possuir algum efeito positivo sobre o craving, inclusive em pacientes do sexo masculino (Sofuoglu 2004).
Foram encontradas diferenças significativas em termos de perfusão cerebral, com as mulheres mostrando alterações relacionadas à pior resposta ao tratamento (Tucker 2004).
Pacientes do sexo feminino preenchem critérios para dependência mais rapidamente e procuram tratamento mais precocemente que os homens (Anglin 1987, Brecht 2004, Griffin 1989, Hernandez-Avila 2004, Westermeyer 2000) sugerindo uma evolução para dependência mais acelerada (Brady 1999).
Além disso, as mulheres parecem mais propensas a apresentar craving / fissura após serem expostas a testes provocativos (Robbins 1999, Tucker 2004) e a apresentarem recaídas devido ao estresse e depressão (Rubin 1996).
Referências Bibliográficas
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