Síndrome de Diógenes (Revista Sua Escolha, 11/2009)

 

               

          Guardar montanhas de objetos, que não possuem nenhuma utilidade…

                                                                                   

Em casa, com a idéia de que futuramente poderão servir para algo, pode ser mais do que uma simples mania. O acumulo excessivo de “sucata” é um dos sintomas de uma patologia conhecida como a síndrome de Diógenes.

Esse transtorno é batizado com o nome do filosofo grego do século iv a.C, Diógenes de Sinope. O filósofo vivia e dormia dentro de um barril pelas ruas de Atenas, após ser exilado de sua cidade natal. A história conta que Alexandre o grande visitou o famoso filósofo lhe oferecendo o que quisesse e Diógenes apenas pediu para ela sair da frente do sol.

A síndrome de Diógenes é caracterizada por uma grave negligência quanto aos cuidados pessoais e da própria casa, retraimento e isolamento social, incluindo recusa de ajuda para melhorar sua situação, e a mania de juntar coisas velhas e lixo.

“Tais pessoas vivem em tal estado de imundice e descaso com a própria aparência (sem nenhuma vergonha) que merecem um diagnostico psiquiátrico. Pode aparecer isoladamente ou ser secundaria a uma desordem mental”. , explica o psiquiatra Luiz Scocca.

Existe muita controvérsia sobre a doença. A Organização mundial da Saúde (OMS) classifica o sintoma como colecionismo patológico, a falta de capacidade que as pessoas têm em se desfazer de objetos pessoais e velhos ou mesmo lixo.

Para o psicólogo Bayard Galvão, o transtorno não pode ser diagnosticado como TOC (Transtorno Obsessivo- Compulsivo), pois há uma diferença fundamental na voluntariedade “Pessoas com síndrome de Diógenes buscam o acumulo de lixo; já aqueles que têm TOC sofrem com um pensamento involuntário que para ser finalizado exige uma atitude que resolveria o temor envolvido nessa obsessão”

O caso mais conhecido no Brasil é da espanhola Violeta Martinez Rodrigues, de 80 anos. Ela acumulou toneladas de lixo durante  18 anos em um sobrado no Itaim Bibi,em São Paulo.

Segundo o psiquiatra e psicoterapeuta Gustavo Amadera, a maior dificuldade no tratamento para essas pessoas costuma ser convencê-las de que se trata de uma doença psiquiátrica e mostrar a família que isso é parte de uma síndrome e não um estilo de vida excêntrico somente.

“Tratar a síndrome de Diógenes equivale a tratar um prazer” ou comportamento insalubre. Significa dizer ao portador do transtorno que o que lhe torna feliz ou realizado na verdade faz mal, comenta Bayard.

Luiz Scocca avisa que mais que um tratamento , existe um manejo, uma administração desta condição. “Envolve uma iniciativa familiar, de agentes de promoção de saúde, assistentes sociais e da própria comunidade.”

Publicado na íntegra na Edição de Novembro de 2009 da Revista Sua Escolha e de forma adaptada na Edição de Abril de 2011 do Falando de Pesca